Singapura é uma pequena cidade-Estado que, numa geração, saltou do clube do Terceiro Mundo para a elite do Primeiro Mundo, com um PIB per capita que é hoje 120% do norte-americano e muito mais alto do que o do Japão ou dos outros "tigres" asiáticos. Mas alguns economistas singapurenses acham que o "modelo" já deu o que tinha a dar e que inclusive tem estado em mudança, sobretudo depois do choque político das eleições de 2011 quando o Partido do poder pela primeira vez viu a Oposição recolher 40% dos votos.
A cidade-Estado estrategicamente situada nos estreitos de Malaca realizou um feito histórico, passou de uma economia do Terceiro Mundo, ainda que com uma posição no comércio marítimo criada pelos britânicos durante o período colonial, para o Primeiro Mundo em apenas uma geração. Hoje lidera em produto por habitante os outros "tigres" asiáticos, como Coreia do Sul, Hong Kong e Taiwan. Este "milagre" económico impressionou muitos dirigentes políticos nas economias emergentes e mesmo no mundo desenvolvido. Uma das economias que mais sentiu a influência foi a China, desde que Deng Xiaoping visitou Singapura em 1978.
O seu modelo de planeamento estratégico de Estado alavancado em empresas ligadas ao governo em setores estratégicos ao longo de várias décadas, sem alternância política, transformou o país num nó global das cadeias de fornecimento mundiais das multinacionais e mais recentemente em polo financeiro. Mas o "modelo" parece ter engripado. A taxa de crescimento caiu para 2,1% em 2014 e o Fundo Monetário Internacional prevê que não suba do patamar dos 3% em 2015 e 2016, um ritmo de crescimento inferior ao que se vai verificar nos outros três "tigres" asiáticos. A produtividade registou um decrescimento em 2014. O exército de mão-de-obra com baixas qualificações, de imigrantes sem direito de residência permanente, subiu de 311 mil em 1990 para 1,6 milhões no final do ano passado. A criação de uma cidade global, sede de muitas multinacionais, atraiu o que a administração chama de PMET (profissionais, managers, executivos e tecnólogos), de uma elite de expatriados, com residência permanente, vindos de todo o mundo (inclusive portugueses) que passou de 112 mil em 1990 para 530 mil no final de 2014. Numa população de cidadãos de pouco mais de 3 milhões, esse adicional de mais de 2 milhões de imigrantes tem colocado problemas, para mais tendo em conta que a desigualdade se acentuou.
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